As últimas semanas foram, por assim dizer, bastante movimentadas entre os militantes da temática juvenil no Brasil. Pudera, o que se anseia é saber como e para onde vai a política de juventude do governo federal nessa gestão que ora se inicia. Somos todos sabedores dos significativos avanços das políticas públicas de juventude nos últimos dois governos, inaugurando um novo tempo na temática e formando um campo institucional mínimo que propicia-nos a “pensar mais alto” e a vislumbrar, primeiro, uma consolidação das PPJs no país e, segundo, um acréscimo em qualidade e quantidade das políticas, capilarizando-as em todo o território nacional.
Talvez, o principal ponto positivo da herança do governo Lula na área de juventude, o PROJOVEM Urbano tenha se destacado como um programa de sucesso indiscutível. Com sua coordenação na Secretaria Nacional de Juventude, lotada na Secretaria-Geral da Presidência da República, o Projovem Urbano atendeu em torno de 491.500 jovens entre 2008-2010, fundamentado num projeto pedagógico de três dimensões: conclusão do ensino fundamental, acertando a escolaridade do beneficiado; qualificação profissional dentro dos arcos profissionalizantes oferecidos pelo programa; e participação social e cidadã baseada nas diversas atividades preenchidas durante os dezoito meses de duração do curso.
Ora, evidentemente que a permanência do PROJOVEM Urbano na Secretaria Nacional de Juventude é fundamental para a consolidação dessa política. Caso vivenciássemos a transferência do programa para outra pasta, perderíamos quase que completamente a visão transversal que o deve nortear, além de corrermos o risco de vê-lo diminuir a sua devida importância como programa inclusivo e emancipador daqueles jovens brasileiros que, por seu perfil social, estiveram e/ou estão em constante vulnerabilidade ao mundo do crime e das drogas.
Mais do que manter o programa na SNJ, pode-se inclusive, como citei no início, “pensar mais alto”. Sempre fui defensor da capilarização da política de juventude no território nacional, mesmo ciente do tamanho do desafio que isso representa tanto ao governo federal quanto aos governos estaduais e municipais. Penso que, fazendo a política chegar com força nos municípios brasileiros dos mais diversos tamanhos e localização geográfica, teremos a oportunidade de oferecer ao jovem desse país uma alternativa à fatal migração aos grandes centros urbanos ao qual ele está permanentemente exposto e que, inevitavelmente, tem como consequência o aumento da vulnerabilidade às mazelas sociais.
Importante ator de articulação, tanto no poder público quanto na sociedade civil, a Secretaria Nacional de Juventude terá a tarefa de ampliar sua influência sobre o próprio governo, inserindo de uma vez por todas a temática juvenil na agenda política do país. O Grupo Interministerial de Juventude terá que ganhar força, potencializando o conceito de transversalidade da política. O ano de 2011, não esqueçamos, é o ano da 2ª. Conferência Nacional de Juventude, momento caro ao bom debate sobre o rumo da política, como também a definição de prioridades para o futuro.
Nada disso será possível se, tanto no âmbito governamental quanto no âmbito da sociedade civil, não tenhamos a sustentabilidade e apoios políticos suficientes para atender tamanhas demandas.
Novo governo, momento histórico para consolidar e ampliar.
Veja que, em vários momentos da história, houve oportunidades únicas para avançar nas mais diversas pautas políticas e sociais. Entendo esse momento como sendo uma dessas oportunidades.
O próprio debate, que movimentou o meio político-social da militância juvenil nas últimas semanas, deve – ou ao menos deveria – servir de laboratório para que possamos progredir na temática junto a esfera do governo federal.
Após oito anos dos avanços do governo Lula, estamos prontos para tornar a política nacional de juventude algo mais palpável para os mais de 50 milhões de jovens do Brasil. Fazer dessa política algo mais interventivo na vida real da juventude brasileira deve ser o grande desafio da SNJ e de todos que desejam um país mais próspero e digno para seus jovens.
Em que pese toda essa agitação do meio possa ter deixado suas feridas entre alguns setores da militância juvenil, não podemos deixar passar esse momento histórico e acabar perdendo uma oportunidade única para avançar e ampliar o espectro de impactação da política pública de juventude no Brasil.
Pela juventude brasileira, pelo nosso projeto de governo, pelo Brasil, é hora de, no linguajar popular, “fazer do limão, uma limonada”, voltar o debate para a política e, juntos, caminharmos para o fortalecimento da pauta de juventude no país.
Gabriel Souza é presidente nacional da JPMDB e suplente de Deputado Estadual (PMDB-RS)
Publicado em 19-Fev-2011
Gabriel Souza Gabriel Souza
Fonte: http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=11267
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